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Como adolescentes encaram a alimentação?


Quando os pais se vêem diante de problemas de alimentação na adolescência geralmente optam por impor uma mudança de hábitos. Essa medida visa manter a saúde do filho, muitas vezes sem sucesso. Há dois principais motivos desse apelo paterno não surtir efeito: pouca experiência de vida dos filhos e ganhos em curto prazo.

alimentação na adolescência

Pouca experiência de vida

Vamos ao primeiro motivo, sobre o fracasso da frase “pense na sua saúde”. Quando se é muito jovem e fisicamente saudável ainda não se teve a experiência da perda de longa duração de uma capacidade, habilidade ou atividade prazerosa devido a restrições físicas. A compreensão de se perder a saúde só é possível realmente para quem já vivenciou isso. É algo parecido com saber a dor do luto sem nunca ter passado por uma perda. Só se tem a dimensão real da dor de perder alguém que amamos após o fato ocorrer.

É claro que o ser humano tem a capacidade de planejamento e imaginação. Porém, como aponta a neurociência, o cérebro até os 21 anos não terminou a formação da parte responsável pelo planejamento. Aos 14 anos, em geral, não se viveu ainda a perda de saúde tão profundamente para valorizá-la. Esse fato torna o bem-estar e qualidade de vida moedas de pouco valor diante do grande prêmio que é a conquista do corpo perfeito. Já o adulto é alguém que viveu mais, que perdeu mais, ou seja, que “quebrou a cara” mais vezes. Por isso, reconhece a dor e o custo de não ligar para a saúde para só focar na aparência.

Resultados em curto prazo

Nesse contexto, entramos no quesito ganhos imediatos, o segundo motivo do fracasso da frase “pense na sua saúde”. Adolescentes costumam de técnicas poucos saudáveis em troca da boa forma. Muitas vezes se valem do uso de laxantes, vômitos induzidos e até mesmo restrição de todos os alimentos para não engordar. O adolescente acabou de deixar a infância, está começando a elaborar seus objetivos, teve pouco tempo para obter grandes conquistas. Por isso valoriza conquistas rápidas (e a aparência pode ser uma). Grandes conquistas requerem tempo e dedicação, basta lembrar do vestibular. Vitórias no campo acadêmico ou profissional levam tempo. Obter sucesso profissional exige dedicação, poder adquirir um bem igualmente exige. Eles estão sedentos por experiências que confirmem seu potencial. As pequenas e/ou rápidas vitórias vão ajudar a construir sua autoestima.

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Observe que para os jovens tudo o que tem resultado rápido faz sucesso. Perder peso e receber elogios pela aparência pode ser conseguido em semanas ou meses. E aquele jovem que tinha um álbum de vitórias vazio, de repente encontra um meio de enchê-lo de “vitórias”, seja pelo corpo definido e musculoso, seja no ideal de corpo extremamente magro. Os comportamentos para atingir o “sucesso do corpo bonito” estão bem registrados como receitas “fáceis e rápidas de seguir”. Receitas para o sucesso em longo prazo (viver em uma família feliz ou montar um negócio de sucesso) não se encontra tão disponível. Em compensação, receitas para emagrecer 5 quilos em um mês aparecem toda semana na capa de revistas.

Por que não dá certo?

Os pais que dizem “pense na sua saúde” diante de um transtorno alimentar não costumam ter bons resultados porque sua frase remete ao ganho em longo prazo. Já o ganho imediato é algo muito forte para qualquer ser humano. Aprendemos durante a vida a valorizar os ganhos demorados e difíceis de obter, mas o ganho imediato já é importante desde o nascimento. As compulsões alimentares têm o ganho imediato da comida gordurosa ilimitada, já as grandes restrições de alimentação possuem o ganho da redução da massa corporal e, por fim, a busca por massa muscular em grande quantidade e de forma rápida apresenta o ganho imediato do aumento da massa magra. Uma orientação (que é apenas um lembrete de um ganho longínquo) tende a perder diante do efeito imediato. A solução é encontrar outros ganhos imediatos importantes.